quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Homero Kossac revela divertidas histórias da sua amizade com Dercy

Ator, amigo de comediante por mais de 50 anos, conta casos da convivência.


Homero Kossac é um exímio contador de histórias. Também pudera, mais de 50 anos de amizade com Dercy Gonçalves lhe renderam um vasto repertório de casos divertidos para partilhar. Fiel escudeiro da comediante, ele se prepara para ver essa relação retratada em Dercy de Verdade, nova minissérie da
Rede Globo, com estreia prevista para 2012. - Todos os momentos com ela, em público ou em cena, eram motivos para surpresas.
Nosso convívio foi pleno de todas as reações e sentimentos contraditórios que especificam uma rara e verdadeira relação humana. Estou comovido com o retorno a esse saudoso passado – conta o ator e diretor de televisão Homero, que conversou com o site da Rede Globo.


É Armando Babaioff quem se encarrega de interpretá-lo na TV e o próprio Homero fará uma participação especial como o primeiro analista da Dercy na trama, uma brincadeira por ter sido ele quem incentivou a amiga a fazer terapia – o que ela manteve por longos anos e chegou a declarar na biografia Dercy de Cabo a Rabo (2004) que “todo mundo precisa de análise, porque ninguém tem a cabeça no lugar” .
O divã que virou símbolo da amizade remete também a um episódio que comprova o talento para o improviso de Dercy e um dos constrangimentos que Homero não pôde escapar: - Na peça “Miloca recebe aos sábados” (1955), de Clô Prado, havia uma cena de sessão de psicanálise, quando um contrarregra entrava carregando um divã de psicanalista. Tentei fazer uma surpresa carregando uma das extremidades do divã. Quando entrei em cena, ela arregalou os olhos e virou-se para a plateia: “Pago cinquenta mil réis para esse vagabundo todo dia carregar o divã.” Como sempre o feitiço virou contra o feiticeiro – se diverte.



Da terapia, Homero guarda outra divertida lembrança. Na época em que compartilhava com Dercy suas conversas com o analista, era comum que a amiga se apropriasse das falas como seus próprios lampejos de genialidade. E se Homero reconhecesse seu discurso e reivindicasse a autoria, com humor que lhe era de direito, ela alegava pensar que era parte de um texto dramático. Mas nada se compara ao tempo em que Homero foi “ponto” de Dercy em um programa de televisão. Algumas das maiores pérolas da relação com a amiga vêm de sua função de alterego da comediante em cena. - Tentava melhorar o texto, ou as respostas irreverentes, e ela reagia em voz alta: “Não vou dizer nada disso”. O público, sem entender, ria à beça e eu ria também da cabine onde me encontrava. “Para de rir que isso me atrapalha”. A plateia achava que era com ela e fazia o maior silêncio – relembra Homero Kossac, censurando alguma boa dúzia de palavrões que acompanhavam o sermão.
Sobre ser desbocada, aliás,  Homero Kossac relembra a sabedoria com que Dercy costumava encarar a fama: - Ela dizia assim: “Eu não falo palavrão e nem sei o que é isso. Digo palavras de acordo com o sentimento do meu personagem. Para mim,  palavrão é palavra bonita dita pra enganar, tapear, seduzir. E eu não engano ninguém”.
O carinho com que enumera o que passou ao lado da companheira de cena e de vida faz de Homero Kossac um dos primeiros nomes a se pensar quando falamos de Dercy Gonçalves e figura frequente nas homenagens à diva do teatro e da televisão. Mas nem mesmo nos momentos solenes, ela deixava de empregar sua mordacidade para deixar o amigo em maus lençóis. - Fui encarregado de entregar um buquê de flores a ela em uma homenagem. Subi no palco  e quando estendi os braços para entregar as flores ela diz: “O que eu vou fazer com isso? Não tinha um frango assado para trazer para mim?”

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